1. |
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São Francisco é brasileiro ( Benji Kaplan e Rita Figueiredo )
Navego léguas a fio
Desenhando o rio
Naufrágio de um nau
No sertão ou litoral?
Os tupis clamam em choro e sapés
O largo sorriso azul de um aguapé
A onça nos caiatés
Franceses no escambo com pancararés
São Francisco em vestes de Igarapé
Selvagens sobre o calvário
Desfiam o rosário
É Opará, rio-mar, o estirão
Seu Francisco do aluvião
Tem canibais Caetés no matão
Os guris em cangapés e flechas nas mãos
Jacarés no azulão
A terra do pau-brasil contrastou
Um tuiuiú avoou
O Jaburu jururú que chorou
A boiada dos currais se espalhou
Na pindorama o luar do sertão
A catinga, o espinho, o pacamão
A flor da vida, pranteio e paixão
Deságuam no mar da imensidão
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2. |
Piocerá
02:52
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Avexado Chico em Juazeiro e Petrolina
Curada, Vermelho, na curva se desatina
Moro nas brenhas, com curuba de me aventurar
Troncho no rio, vixe Maria! vou pra Piocerá!
Trubiscado zólho urubuserva o surubim
A moça e a brexa, eu brocoió com o meu binchim
Ôxi! Ispilicute! Ande, Tonha! vem casar!
Vestida de chita, arrasta-pé no arraiá
O tum, tum, tum da zabumba me deixa doidim
No rala-bucho, bate-coxa, em riba passarim
Apetrachada com o anel, de vera a casar
Tempo avoou, a amojada teve um frogoió
Tão bonitinho é o rapazinho e nóis aqui tão zuruó
Com meu pitéu xamego, com meu menino xodó!
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3. |
Memorial Day
03:38
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Memorial Day
A bandeira hasteada estremecida na imensidão
Os combatentes retornam ao lar, os mortos não
Toques polifônicos, fuga em ré menor
Vêm de um gramofone ruidoso sem valor
Os jardins vibrantes, a primavera a cromatizar
Vestido adornado, uma bela a recatar
Em contraponto as ninfas e os assobios
Bêbados soldados e as meretrizes de modo viu
Tramando a guerra, crianças brincam a imaginar
Junto aos seus pais num convescote a repousar
Um marinheiro desencantado pranteou
Retiro ou omissão?
A vida ou ficção?
Uma Mão dupla ou contra mão?
Sonhos de verão na derradeira primavera
O sol da guerra entre a farda e a quimera
Escalei muitas montanhas, penetrei correndo
Pisei em campos minados ao vento
Vociferei em prantos, desbravei
A ordinária guerra, fraquejei
Nenhum homem vale a vida de outro alguém
Tão estimado é o amor de minha mãe
Que pariu em dor, cuidou e apaziguou
Ainda tenho vigor para revelar
Que fui no inferno e voltei!
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4. |
Valsa da metrópole
02:59
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Valsa de Metrópole ( música: Benji Kaplan letra: Rita Figueiredo )
vândala, ávida, déspota, senil
Faróis tão míopes, arranha-céus
Tão distraída, caótica, zen
Ordem e progresso, pouco convém
cinza, avessa, estranha, formal
Homens em seus paletós
Túneis de sonhos, orfã e afã
Santos pau-ocos, imagens cristãs
A espiral do tempo não para não
Tem varal, eletrônicos, dominó
Tem mocotó, dendê, tem jiló, João do camelô
Sádicos homens, velhas mansões, a vida de um gigolô sem amor
Velho icônico joga xadrêz medieval, temporal, é fatal, seu rival
Dorival, na moral, em geral, faz jogral, liberal, vendaval, etc e tal
Perece a flôr na estação jaçanã
Padece desaceado Tietê
Tão indecente, cidade Natal
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5. |
Zênite e Nadir
02:27
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Zênite e Nadir ( Benji Kaplan and Rita Figueiredo )
Tocando acordes no alaúde no coro do alazão
Cantando versos no deserto de cor de açafrão
Dia cai, noite vem, lua cheia na vastidão
Zênite e Nadir equilibram o corpo do ancião
Iluminado por alá em contra ponto com um sultão
Fanfarrão, beberrão, barba azul, maturrão, um garanhão.
Xeque-mate gritou o grão-vizir, um ardil, foi punhal no coração
Perambulei pelo palácio e avistei mil donzelas na constelação
De vale em vale sigo viagem sem luz nem lampião
Comi a tâmara e o damasco recitei as suras
Gratidão, pés no chão, retidão, prontidão, levidão na mansidão
Mil rosas, lírios e alfazemas
Gazelas surgem a olhos nus
Despontam na planície ingênuas
Eu abro a alcofa que carrego
Liberto a naja sobre a luz do sol
Falcões selvagens abatem a preza e voam
Conto estórias desdobro memórias sem fim
Vales, colinas, montanhas, voluptuosas huris
De galho em galho sigo viagem ao som do rouxinol
Pelas veredas colho o fruto da amplidão
Claridão, um trovão, densidão, nazamão,
Um pavão, sem razão, solidão, não foi em vão
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6. |
Santa Efigênia
02:52
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Santa Ifigênia ( Benji Kaplan e Rita Figueiredo )
Eu cruzo os pivetes, damas de covil, mascates
Os imigrantes e a saudade
No fim da passarela avisto o Mirante do Vale
Arranhando os céus, gigante na cidade
A velha tão devota passa o terço carmesim
Rococós, mil bênçãos, serafins, querubins
O velho que replica as intrigas do pasquim
Contendas de um botequim
O ébrio lisonjeia as belas curvas da cunhã
Nos brejos e tabuais a Saracura-sanã
Do alto o Martinelli avista o sol se pôr
E os luminosos acordam em cores e madrugam até o alvor
Casais em fino traje dançam e
No roçar da gafieira flertam
O Mario, Anita e Villa confabulam na epifania
Tupiniquins na Ufania!
O ronco das buzinas desafinam em harmonia
Os monges do mosteiro em cor e polifonia
Na Aurora, no triunfo, no aluvião
Recebi o sermão de São Bento ancião
Na Babilônia, o samba, o malandro, a colombina e o Pierrô
Num frenesi, na profusão, eu vou
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7. |
Impetuosa Atração
03:11
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Santa Ifigênia ( Benji Kaplan e Rita Figueiredo )
Eu cruzo os pivetes, damas de covil, mascates
Os imigrantes e a saudade
No fim da passarela avisto o Mirante do Vale
Arranhando os céus, gigante na cidade
A velha tão devota passa o terço carmesim
Rococós, mil bênçãos, serafins, querubins
O velho que replica as intrigas do pasquim
Contendas de um botequim
O ébrio lisonjeia as belas curvas da cunhã
Nos brejos e tabuais a Saracura-sanã
Do alto o Martinelli avista o sol se pôr
E os luminosos acordam em cores e madrugam até o alvor
Casais em fino traje dançam e
No roçar da gafieira flertam
O Mario, Anita e Villa confabulam na epifania
Tupiniquins na Ufania!
O ronco das buzinas desafinam em harmonia
Os monges do mosteiro em cor e polifonia
Na Aurora, no triunfo, no aluvião
Recebi o sermão de São Bento ancião
Na Babilônia, o samba, o malandro, a colombina e o Pierrô
Num frenesi, na profusão, eu vou
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8. |
Swing do jazz
02:09
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No swing do Jazz
Foi no Swing que a banda tocou
E no Bebop o trompete solou
Rico em cores o Cool Jazz serenou
E na Vanguarda o free jazz libertou
O Jazz Modal que não quer ser mais tonal
O Gipsy Jazz, pulsante, cromático e tal
O Rock, funk, Hip hop, Groove Jazz
O Latin Jazz, Jazz Swing, Acid Jazz
O contra ponto, a melodia
A Harmonia
O improviso, o ritmo e a polifônia
Foi no Swing que a banda tocou
E no Bebop o trompete solou
Rico em cores o Cool Jazz serenou
E na Vanguarda o free jazz libertou
O Jazz Modal que não quer mais ser mais tonal
O Gipsy Jazz, pulsante, cromático e tal
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9. |
Cajubim
05:00
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- Cajubim -
Agracio o meu bem e assobio
Me reviro em cachos de acácias
De galho em galho, assíduo
Devoluto e leve, curió voou
Canto tão sentido para ti, ai amor
Canto feito rouxinol, ai ai
Canto numa festa lá no céu, lá e aqui
Lá e aqui tá tão frio
Cravo-de-amor, no meu jardim
Quero calor, meu cajubim
Fiz esta cantiga a refletir, sua beleza
Passarada irirê, canta
Quero-quero subir no ipê, Tico-Tico
Pintor lá tem sete cores
E sente dores, no pé e raíz
E sente amores, sou tão feliz
Voa coração alado
Leva patuá pra tí
Seu frescor vem da hortelã
Seu divã é meu divã
Junte todo o seu legado
E conte histórias para mim
A sua ternura, consolação
Faz vendaval, inundação
Respire fundo, recordação
Sou seu cantor, sua canção
Inspiração na contramão
Faço refrão, rima, rondó
Canção de amor pra despedir
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10. |
Não armo no mocó
02:16
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Véi eu vi o ouro e o veneno
Não sou bodinho e nem playboy
Não dou perdido por dindin
Não fico grog e nem mamado
Não pago sapo, não dou KÔ
Minha cachanga é meu opala
Minha carreta é zero bala
Fim de semana, uma pelada
Olha o gol! 2X
Não conto lenda
E também não canto de galo
Não sou cabreiro
Nem tampouco sou grilado
Não faço acordo com barão
Não tiro onda, nem dou o bote
Se me enxeu eu capo o gato
Não armo no mocó
Cada um no seu quadrado
Sô firmeza e não otário
Não sô prego não
Não sou de Frevo
E quase nunca eu tomo umas birita
Eu tenho dona
E não costumo ir nas prima
Eu não sou de contar lenda
Nem sou de fazer zoeira
Sou esperto, meio rato
Não sou traíra, sou chegado
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11. |
Passatempo
02:55
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Passatempo
Caminho com o vento, transitório tempo
Duvidoso e incerto movimento
Duradouro passatempo
A roda da fortuna a girar
No tráfico um contento, eu descanso e penso
Tão dolente quanto alegre sentimento
Entre-tempo paradoxo
Tão quântico e romântico
Eu surfo com as marés
Contínuo movimento circular
O céu e o infinito mar
Eu vago, ando a esmo, provisório tempo
Misteriosa e colorida flôr do vento
Em cada passo, um compasso, uniforme, mensurável
Com duração, em sucessão, sem ascensão
Eu canto nota a nota numa escala temporal
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12. |
Bryant Park
02:09
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13. |
Lundu dos orixás
03:49
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Lundu dos orixás ( Benji Kaplan and Rita Figueiredo )
Bantos, jejes e os nagôs evocam
Seres arquétipos no Brasil colonial
A dor de amor e o furor sucumbe
Tempestuosa a força sentimental
Rezam as pretas, rodopiam em cores
Os deuses se multiplicam em santos
Clama ao rosário o seu dissabor
Toca o Lundu, vem Aganju
Bantos, jejes e os nagôs se curvam
Despertam o feminino de suas águas
Emergem dos rios doces e do ouro
O abebé, pássaro, boi e a cabra
Branco, azul, rosa e amarelo
Fitas e rendas de ôh Olossá
Extrai o maxixe desse lundu
A preta que exala o puro dendê
O feijão fradinho para o acarajé
Corta o quiabo para o caruru
Pimenta malagueta no vatapá
Chacoalha a miçanga do seu afoxé
Bate no sino do agogô
Grave, agudo, toca o gã
Aperta o fio com seu dobrão
Toca guri, chacoalha o caxixi
canta o berimbau, gobo
Bantos, jejes e os nagôs evocam
Seres arquétipos no Brasil colonial
A dor de amor e o furor sucumbe
Tempestuosa a força sentimental
Rezam as pretas, rodopiam em cores
Os deuses se multiplicam em santos
Clama ao rosário o seu dissabor
Soa o lundu na roda de samba e canta a Olorum
Bantos, jejes e os nagôs vem e vão
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14. |
A moura do maracaxá
02:55
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A moura do maracaxá
Nua, crua e pintada
Em sua bainha a espada
Cravada nas entranhas da amada
Turvo mergulho no fundo das águas
Jandira mexe o maracá
Na festa dos aflitos
Seu corpo dita a dança
Homens, mulheres e belas crianças
Mandigas, xuatês, Curumins em abundância
Impávida e aberta, uma vitória régia
Na floresta de igapó
Deu um nó no aguapé e bela flôr de abricó de um macaco
Mexe os seus cabelos
Jandira assopra o apito
Vislumbra uma bicharada
Piranha, anta, arara
Jibóia na espreita, faminta na mata
Uirapuru pía no alto da macaba
A morena subiu no alto buriti
Para ver o anhangá
Lobisomem, boitatá
Caipora, curupira, cairara, jurupari
O grito do raio assombra jandira
A força do vento, a partida do sol
O calor da terra, o frescor das águas
A moura do maracaxá
Nua, crua e pintada
Em sua bainha a espada
Cravada nas entranhas da amada
Turvo mergulho no fundo das águas
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Benji Kaplan Brooklyn, New York
A composer of Cuban, Russian and Austrian Descent, Benji grew up hearing various types of music and languages,especially (Yiddish, German, Spanish Hebrew and English) as a child. In his latest endeavor, Benji fuses Brazilian music with influences of neoclassical, romantic and impressionistic styles. Brazilian rhythms such as maracatu, samba, baião, choro, bolero and maxixe canbe heard throughout. ... more
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